quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Fisioterapia Esportiva em alta



Vista por muitos profissionais como um segmento da profissão restrito às elites, a Fisioterapia Esportiva ganha cada vez mais espaço e visibilidade no mercado. Com a chegada de grandes eventos esportivos no país (Copa das Confederações, Copa 2014 e Rio 2016), é crescente o número de praticantes de esportes e, consequentemente, o número de lesionados.
Com isso, os fisioterapeutas especialistas em desporto são mais requisitados a cada dia. Seja na orientação, prevenção ou reabilitação, a atividade cresce na medida em que as diferentes modalidades também aumentam o número de praticantes.
Segundo o fisioterapeuta Arivan Gomes, especialista e professor da disciplina Fisioterapia Esportiva, é preciso um entendimento maior da população sobre o papel do profissional nesse ramo. “É importante que a população que pratica esportes entenda que é necessário ter um bom desempenho na atividade com segurança. Nosso papel, antes de tratar as lesões, é fazer um trabalho preventivo com o atleta; seja ele regular ou de final de semana”, esclarece.
Doutor Arivan, que também trabalha com atletas de alta performance, rechaça o conflito de atividades que tem gerado polêmica, principalmente com relação aos educadores físicos.

Mercado

Para todo profissional, o mercado é o grande avaliador de carreiras. No caso da Fisioterapia Esportiva, que geralmente está atrelada a uma faixa de clientes com bom poder aquisitivo, a boa qualificação é determinante para o sucesso na profissão. Como o mercado ainda é restrito na cidade, os mais qualificados acabam sendo os mais solicitados.
Para doutor Cleber Sady, vice-presidente do Crefito-7, a medida do profissional é o comprometimento com a sua formação desde a graduação, passando por cursos específicos e as pós-graduações, mestrado e doutorado. “A educação continuada, hoje, num mercado competitivo como está, é o fiel da balança para os profissionais se estabelecerem ou não. É uma situação comum a todas as profissões, sem distinção”, relata.

Reconhecimento

Com a valorização da prática esportiva, os atletas acabam sendo grandes vitrines para profissionais de saúde que atuam na área. São fisioterapeutas, educadores físicos, médicos, nutricionistas e enfermeiros que, em equipe, possibilitam melhoria da performance para quem faz do corpo e do esporte o instrumento e meio de sobrevivência.
Reconhecido atualmente como um dos atletas mais bem preparados do mundo, Júnior dos Santos, conhecido como Júnior Cigano, fez famoso o fisioterapeuta que o ajudou a se recuperar de uma séria lesão que quase o impediu de subir no ringue e faturar o cinturão de campeão dos pesos pesados do Ultimate Fighting Championship (UFC), o maior evento de Mixed Martial Arts (MMA) do planeta.
O lutador ressalta as melhorias do trabalho de prevenção que a Fisioterapia proporcionou. Para ele, que antes não contava com esse trabalho, os avanços são sensíveis. “Melhorou muito o equilíbrio, o aquecimento. Às vezes é chato porque é muito repetitivo. Mas sei que preciso fazer para melhorar o meu desempenho”, confessa.
Atletas campeões de natação também estão na turma que adotou a Fisioterapia como parte do treinamento para evitar lesões. Allan do Carmo, primeiro do ranking brasileiro em maratonas aquáticas, e Luis Arapiraca, recordista sulamericano dos 1.500m livres, fazem, juntos, treinamento de prevenção.
Para Arapiraca, que sofreu uma série de lesões no ombro, o trabalho de reabilitação foi fundamental para que uma cirurgia fosse descartada. “Iria atrapalhar bastante minha carreira. A Fisioterapia possibilitou que eu conseguisse voltar aos treinos sem dor e com mais confiança”, lembra.
Como é um esporte que praticamente não gera impacto, engana-se quem pensa que os atletas estão livres de lesões. “Não. Não existe esporte que não deixe a possibilidade de lesão no atleta, seja ele amador ou profissional. Existem duas modalidades grandes de lesão: as traumáticas, causadas por fatores externos; e as atraumáticas. Esse é o caso da natação”, afirma doutor Maurício Dourado, fisioterapeuta e mestre em biomecânica.

Segundo doutor Maurício, que também é professor da matéria, a Fisioterapia Esportiva tornou-se indispensável em clubes esportivos de alto rendimento, mas deve ser entendida pelos gestores e pelos profissionais como uma especialidade que também pode ser implementada na atenção básica. “É uma questão de percepção. Será que no Programa Segundo Tempo, do governo, não caberia uma equipe multidisciplinar, com fisioterapeutas realizando um trabalho junto aos atletas jovens? Cabe. As demandas por Fisioterapia como um todo são crescentes e os profissionais precisam estar mobilizados num discurso fundamentado para ocupar esses espaços”, declara.

Um comentário:

  1. Parabéns pela matéria, me interesso por esportes e gostei muito, porém o que me chamou mais atenção foi a parte da inserção de fisioterapeutas no programa segundo tempo do governo. Acompanhei uma dessas unidades de treinamento esportivo por um certo tempo, e volta e meia ocorriam acidentes que poderiam levar a lesões mais graves e nem sempre era oferecido o melhor tratamento aos alunos por falta de uma equipe de profissionais.

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